Acervo
(En)quête de la “Terre sans Mal”: histoire et migration d’un mythe
Dados da Obra
Orientando: Pablo Antunha Barbosa
Ano de produção: 2014
Idioma Original: Francês
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Catalogação da Obra
Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: Pablo Antunha Barbosa. (En)quête de la "Terre sans Mal": histoire et migration d'un mythe. 2014. Tese (Doutorado em Anthropologie Sociale et Ethnologie) - Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, Conseil Régional d'Ile de France. Coorientador: João Pacheco de Oliveira Filho.
Mini Currículo
Pablo Antunha Barbosa é graduado em Ciências Sociais pela Universidade de Paris X Nanterre (França); tem mestrado em Etnologia e Sociologia Comparada pela Universidade de Paris X Nanterre (França). Realizou doutorado em Antropologia Social e Histórica pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS, Paris), França, com período de co-tutela no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS-MN-UFRJ). Realizou pós-doutorado na mesma instituição (PPGAS-MN-UFRJ) entre junho de 2015 e março de 2018. Atualmente é Professor Adjunto do Centro de Formação em Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Sul da Bahia (CFCHS/UFSB), professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Estado e Sociedade (PPGES/UFSB) e coordenador do curso Bacharelado em Antropologia da UFSB. Líder do Grupo de Pesquisa Centro de Documentação e Pesquisa Memórias do Sul da Bahia, pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (LACED, PPGAS-MN-UFRJ) e do Centro de Investigaciones Históricas y Antropológicas (CIHA, Bolívia).
Resumo
O mito apapocúva-guarani da “Terra sem Mal” surgiu na literatura americanista das mãos de Curt Unkel Nimuendajú em 1914. No seu livro que marcou profundamente os estudos contemporâneos sobre os Guarani, Nimuendajú sugeria que as “migrações” dos grupos guarani no século XIX desde o Mato Grosso em direção ao leste se explicavam em função da busca de um paraíso que seria a “Terra sem Mal”. Em seguida, ele sugeria também que o mesmo motivo poderia ser aplicado para entender as “migrações” de inúmeros outros grupos tupi-guarani da época colonial e até mesmo pré-colonial. A sugestão foi tomada ao pé da letra por Alfred Métraux e depois dele por inúmeros outros antropólogos. E assim a “Terra sem Mal” se transformou em um pilar da religiosidade guarani e em um tema obrigatório dos trabalhos antropológicos. Só recentemente, nas duas últimas décadas, algumas críticas começaram a aparecer, particularmente àquelas feitas por Cristina Pompa, Francisco Noelli ou ainda Catherine Julien, insurgindo-se contra o uso julgado abusivo de um mito particular para interpretar religiões diferentes ou « migrações » distantes umas das outras por vários séculos. No entanto, essas críticas deixaram intactas as bases da hipótese de Nimuendajú e não retomaram o dossiê das « migrações » do século XIX. Essa tese busca justamente retomar este dossiê fundador dos estudos guarani. Ao invés de tomar partido neste debate, trata-se de restituir o mito e as migrações guarani nos seus distintos contextos históricos. Por um lado, reconstruir as “migrações” do século XIX, tomando em consideração as políticas indigenistas da época e por outro, reconstruir o método e as circunstâncias que permitiram que Nimuendajú, sessenta anos depois, emitisse sua hipótese. Esse trabalho permite não somente uma releitura da “Terra sem Mal” como ele também coloca algumas questões para se fazer uma nova leitura da religiosidade guarani e sobre o lugar que ela ocupou nos estudos antropológicos e históricos.