Acervo
Catarinas e Iracemas: sobre casamentos interétnicos de mulheres indígenas em Manaus
Dados da Obra
Orientando: Marlise Mirta Rosa
Ano de produção: 2016
Idioma Original: Português
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Catalogação da Obra
Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: Marlise Mirta Rosa. Catarinas e Iracemas: sobre casamentos interétnicos de mulheres indígenas em Manaus. 2016. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: João Pacheco de Oliveira Filho.
Mini Currículo
Bacharela em Ciências Sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), mestra e doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ). Pesquisadora vinculada ao Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (LACED), na mesma instituição e ao Laboratório de Pesquisa Povos Indígenas na História (LAPESPIH), na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Foi vencedora do VI Prêmio Antropologia e Direitos Humanos - Categoria Graduação, com o trabalho "O uso estratégico dos direitos humanos para a criminalização da alteridade: a Lei Muwaji e a campanha contra infanticídio indígena no Congresso Nacional". Tem experiência de pesquisa com povos indígenas em contextos urbanos e em situação de deslocamento e migração, trabalhando na Amazônia desde 2015. Atua ainda como consultora de agências da ONU e de organizações não governamentais na capacitação de gestores públicos e trabalhadores humanitários, adequação do atendimento e consolidação de políticas públicas destinadas à população indígena migrante e refugiada no Brasil. É autora do livro "A mobilidade Warao no Brasil e os modos de gestão de uma população em trânsito: reflexões a partir das experiências de Manaus-AM e de Belém-PA", da publicação "Os Warao no Brasil: contribuições da antropologia para a proteção de indígenas refugiados e migrantes", desenvolvida para o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e do estudo "Percepções Warao sobre trabalho, suas experiências, expectativas e potencialidades para inserção produtiva na região metropolitana de Belém (Pará)", elaborado para o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) em parceria com o ACNUR. Atualmente, é consultora do Ministério dos Povos Indígenas junto ao Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/GM/MPI).
Resumo
Esta dissertação se propõe a analisar o processo de construção, apropriação e expropriação identitária de mulheres indígenas e seus descendentes, em face do casamento com homens brancos. O estudo dessa modalidade de relação conjugal, configura-se como um campo fértil para a análise da etnicidade em uma perspectiva mais individualizadora e cotidiana, sustentada, sobretudo, no interior das relações familiares. Assim, ao entender os casamentos intertétnicos como um encontro intercultural em que ambos os envolvidos são sujeitos ativos nesse intercâmbio, demonstra-se que, embora existam relações desiguais de poder, especialmente no que toca às dinâmicas de gênero e raça, a formação da unidade familiar não implica no ocultamento ou na rejeição da identidade indígena em favor da não-indígena. Nesse cenário, casar-se com um branco, não faz da mulher, tampouco de seus filhos, mestiços ou brancos, ao contrário, ambos se definem como índios, e em alguns casos, o próprio marido também assim se reconhece. Essa mudança na forma de tratar a inserção de indígenas às famílias brancas, resulta, em grande parte, de um movimento mais amplo voltado à afirmação dos direitos indígenas, que lhes assegura “direitos especiais” em relação ao brasileiro pobre. A condição étnica, portanto, não é um agravante para o matrimônio, tampouco, para o estabelecimento de laços familiares, quando ambos pertencem à mesma classe social, o que não ocorre quando há uma diferença socioeconômica. A partir do contexto estudado, nota-se, então, que a etnicidade não somente é situacional, como também é acionada enquanto um recurso político e social.