Acervo
Dimensões da participação política indígena na formação do Estado nacional brasileiro: revoltas em Pernambuco e Alagoas (1817-1848)
Dados da Obra
Orientando: Mariana Albuquerque Dantas
Ano de produção: 2015
Idioma Original: Português
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Catalogação da Obra
Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: Mariana Albuquerque Dantas. Dimensões da participação política indígena na formação do Estado nacional brasileiro: revoltas em Pernambuco e Alagoas (1817-1848). 2015. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Coorientador: João Pacheco de Oliveira Filho.
Mini Currículo
Professora da Licenciatura e da Pós-graduação do Departamento de História da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).Possui doutorado e mestrado na mesma área pela Universidade Federal Fluminense. A tese foi premiada em 2015 pelo Arquivo Nacional, sendo publicada com o título Dimensões da participação política indígena: Estado nacional e revoltas em Pernambuco e Alagoas, 1817-1848. É líder do Laboratório de Pesquisa Povos Indígenas na História (Lapespih/UFRPE) e membro do LACED - Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (Museu Nacional/UFRJ), ambos grupos de pesquisa do CNPq. Foi coordenadora do Curso de Licenciatura em História da UFRPE e coordenadora do Grupo de Trabalho Povos Indígenas na História da Anpuh-Brasil entre 2021 e 2023.Desenvolve pesquisas sobre a presença dos povos indígenas na formação do Estado brasileiro, com ênfase no século XIX, na reelaboração de identidades coletivas, nas estratégias indígenas, na participação política e nos espaços informais de exercício da cidadania.Contato: mariana.dantas@ufrpe.br.
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo central analisar as diferentes dimensões da participação de indígenas nas quatro principais revoltas ocorridas em Pernambuco e Alagoas na primeira metade do século XIX, que foram a Insurreição de 1817, a Confederação do Equador (1824), a Guerra dos Cabanos ou Cabanada (1832-1835) e a Praieira (1848). Embora grupos indígenas de várias aldeias tenham se envolvido nos conflitos armados, os aldeados em Jacuípe, Barreiros e Cimbres tiveram participação mais intensa. Essas revoltas são entendidas como momentos cruciais do processo de formação do Estado nacional brasileiro, pois nelas estavam sendo discutidos os diversos projetos políticos defendidos por diferentes segmentos das elites. Mesmo tendo sido iniciadas por membros das elites provinciais, as revoltas se constituíram enquanto espaços de participação política dos indígenas envolvidos pois, na maioria das vezes, conseguiam atrelar suas necessidades e expectativas mais específicas aos interesses mais amplos tantos de líderes rebeldes, quanto dos da repressão. As motivações dos indígenas, em grande parte dos casos, estavam relacionadas à manutenção do território das aldeias e à defesa da administração desses espaços da maneira que melhor lhes conviesse. Em outras situações, os índios foram coagidos a participar dos conflitos por meio de recrutamentos forçados realizados tanto por potentados locais não indígenas, quanto por um líder indígena, cujo objetivo era defender seus interesses particulares. Apesar dessas situações de participação forçada, o envolvimento de índios nas revoltas ocorreu em torno de conflitos entre índios e não índios pelas terras das aldeias. Esses espaços tinham papel central da vida dos indígenas aqui estudados, pois neles, durante o período colonial, vivenciaram o primeiro processo de territorialização e reelaboraram suas identidades e culturas. Nesse sentido, as aldeias foram constituídas enquanto espaços apropriados pelos indígenas, onde protagonizaram sua ressocialização diante do contexto colonial. No século XIX, a partir das aldeias, os indígenas elaboraram suas redes de relacionamentos com não índios, baseadas em alianças ou inimizades que se transformavam a depender das circunstâncias políticas, e construíram espaços informais e formais de participação política na formação do Estado nacional brasileiro.