Acervo
“Estudar te traz poder”: a presença indígena e a produção de conhecimento acadêmico no Campus Binacional do Oiapoque
Dados da Obra
Orientando: Vinicius Cosmos Benvegnu
Ano de produção: 2023
Idioma Original: Português
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Catalogação da Obra
Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: Vinicius Cosmos Benvegnu. "Estudar te traz poder": a presença indígena e a produção de conhecimento acadêmico no Campus Binacional do Oiapoque. 2023. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - UFAM, Fundação de Pesquisa do Amazonas. Orientador: João Pacheco de Oliveira Filho.
Mini Currículo
Doutor em Antropologia Social na Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/UFAM). Servidor Público Federal Técnico Ambiental do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) no Parque Nacional do Cabo Orange no município de Oiapoque/AP. Mestre em Desenvolvimento Rural no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGDR/UFRGS). Graduado em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduado em Biomedicina pela Universidade Luterana do Brasil. Pesquisador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia. Membro do Corpo Editorial da Wamon - Revista dos Alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFAM. Foi professor substituto no Curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade Federal do Amapá, Campus Binacional do Oiapoque. Trabalhos relacionados com povos indígenas e populações rurais, e temas sobre educação escolar indígena, gestão e conservação ambiental, desenvolvimento, colonialidade/modernidade, segurança, soberania alimentar e saúde.
Resumo
Esta tese fala sobre a presença de indígenas no ensino superior, sua produção acadêmica e os desdobramentos decorrentes da ocupação desses espaços. A pesquisa foi realizada em Oiapoque, município com o maior percentual de população indígena do Amapá, onde há um campus da Universidade Federal do Amapá (Unifap). O trabalho de campo foi pautado nas ideias de situação histórica e etnográfica; busquei descrever as situações que envolvem os processos históricos que culminaram no ingresso de indígenas na universidade, analisei a produção acadêmica dos estudantes indígenas, além das relações estabelecidas entre este pesquisador e os indígenas de Oiapoque. O primeiro momento da pesquisa foi a análise de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) de egressos indígenas da área de Ciências Humanas do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena (CLII) do Campus Binacional do Oiapoque, da Universidade Federal do Amapá (Unifap). A partir disso, procurei mostrar como os conhecimentos acadêmicos indígenas produzidos por discentes-pesquisadores indígenas trazem outras versões dos processos históricos vividos. Os trabalhos foram produzidos a partir das suas memórias coletivas, narrativas das anciãs e dos anciãos e fontes orais. Os TCCs de egressos dos povos Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kali’na Tïlewuyu e Palikur trazem memórias que remontam ao período pré-colonial e às relações interétnicas entre os povos que viviam na região, o período colonial e as relações estabelecidas com os invasores europeus, bem como as memórias das violências sofridas. As narrativas apresentadas também abordam os processos de escolarização aos quais os quatro povos foram submetidos, seja pelos órgãos indigenistas estatais, como SPI e Funai, seja por missões religiosas cristãs. Ademais, trazem relatos das conquistas indígenas no âmbito da educação escolar específica e diferenciada, que culminou na criação do CLII e na implementação de um campus universitário em Oiapoque. A pesquisa acompanha ainda as trajetórias de algumas egressas e egressos após concluírem a graduação, narradas em ocasiões específicas e individuais. Essas trajetórias apontam para as potenciais contribuições que a universidade pode aportar na vida dos acadêmicos indígenas, mas sobretudo nas suas comunidades. Os relatos também apontam as lacunas e desafios a serem enfrentados para que de fato haja uma presença indígena efetiva nas universidades brasileiras. No limite, tentei refletir como a produção acadêmica dos estudantes indígenas do Oiapoque podem contribuir para a compreensão do processo de formação do Brasil a partir do olhar de sujeitos historicamente invisibilizados.