Acervo
“Os Nawa nunca foram extintos”: regimes de memória, trajetórias indígenas e narrativas sobre os Nawa do vale do Juruá, Acre
Dados da Obra
Orientando: José Tarisson Costa da Silva
Ano de produção: 2023
Idioma Original: Português
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Catalogação da Obra
Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: José Tarisson Costa da Silva. “Os Nawa nunca foram extintos”: regimes de memória, trajetórias indígenas e narrativas sobre os Nawa do vale do Juruá, Acre. 2023. Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social) – PPGAS-Museu Nacional, UFRJ, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: João Pacheco de Oliveira Filho.
Mini Currículo
Indígena do povo Nawa, da Aldeia Novo Recreio, no município de Mâncio Lima - AC. Doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade de Brasília (PPGCom/UnB), no eixo "jornalismo, mundo do trabalho e organizações", da linha de pesquisa "poder e processos comunicacionais". Mestre (2020-2022) em Antropologia Social (PPGAS/MN-UFRJ). Graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo (2016-2019) pelo Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Atualmente, é jornalista da Defensoria Pública da União (DPU), lotado em Brasília (DF). Foi Assessor de Comunicação da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, da Sede Acadêmica do Brasil - Flacso Brasil (2022-2023). Atuou como Assessor de Comunicação do Podáali - Fundo Indígena da Amazônia Brasileira, com sede em Manaus (2020-2022). Desenvolveu trabalho de Assessoria de Comunicação, com ênfase em Social Media, no Fórum Nacional de Educação Escola Indígena (FNEEI). É membro da Articulação Brasileira de Indígenas Antropóloges - ABIA. Integrante co-fundador do coletivo de Indígenas Jornalistas do Brasil.
Resumo
A narrativa oficial sobre a história indígena do Acre, sobretudo a história indígena do Vale do Juruá (Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves) omitiram e mentiram sobre a real história indígena ao declarar o meu povo como “extinto”. Valorizando um passado distante e distorcido, a história sobre nós Nawa causou falta de identificação dos meus parentes Nawa – como eu –, que não se reconheciam na representação indígena regional. A partir disso, busco com a pesquisa construir linhas e curvas das vivências indígenas por meio das memórias e trajetórias ‘espatifadas’. No bojo da discussão antropológica entre indivíduo e sociedade, os regimes de memória dão conta da forma como meus parentes organizam as forças sob as quais essas lembranças emergem. Por ser a memória a principal categoria de entendimento das trajetórias de vida e pelas quais os meus parentes explicam ter vivenciado momentos particulares da vida, a pesquisa tem o objetivo de gerar compreensão dos diversos regimes de memória (colonial, tutelar, ambientalista protecionista e indígena) pelos quais meus parentes passaram e as relações que foram estabelecidas com os diversos atores, sejam políticos ou econômicos. Assim, a pesquisa trata da produção histórica e antropológica de bibliografia sobre o meu povo e as escalas de disputas em torno da região onde meu povo habita. O período das biografias apontadas nesta pesquisa compreende desde o último ciclo da seringa no Acre até tempos atuais, além de perpassar pelo tempo dos antigos. Todos os biografados tratam da sua história e dos atores – familiares e parentes – que estiveram juntos compartilhando experiências em comum. Por fim, é possível inferir que o povo Nawa foi afetado pelas violências coloniais a partir dos regimes de memória que perpassam as trajetórias indígenas. As lembranças e biografias confluem para uma construção histórica do grupo, formadoras de uma memória coletiva, e demonstram a capacidade de resistência e resiliência frente à narrativa de apagamento e silenciamento indígena.