Acervo
Os Sertões e o Deserto: Imagens da “Nacionalização” dos Índios no Brasil e na Argentina na Obra do Artista Viajante J. M. Rugendas
Dados da Obra
Orientando: Andrea Cláudia Marcela Roca
Ano de produção: 2010
Idioma Original: Português
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Catalogação da Obra
Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: Andrea Cláudia Marcela Roca. Os Sertões e o Deserto: Imagens da "Nacionalização" dos Índios no Brasil e na Argentina na Obra do Artista Viajante J. M. Rugendas. 2010. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Orientador: João Pacheco de Oliveira Filho.
Mini Currículo
Possui graduação em Antropologia Social pela Universidade de Buenos Aires (2003), Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006 - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS, Museu Nacional - UFRJ), e Doutorado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010 - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS, Museu Nacional - UFRJ), atuando principalmente nas seguintes áreas: museus etnográficos, museus históricos, museus indígenas; objetos, memória e patrimônio; artistas-viajantes e políticas de representação visual sobre os indígenas no Brasil e na Argentina (século XIX). Foi Professora Auxiliar convidada no Mestrado em Antropologia Social da Universidade de Coimbra (Portugal). Durante 2013/2014 foi pós-doutoranda no PPGAS/MN/UFRJ, bolsista da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Desde 2006 é pesquisadora do LACED (Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento; Museu Nacional, UFRJ). Atualmente realiza uma pesquisa na província da Colúmbia Britânica (Canadá) sobre o chamado trabalho colaborativo entre museus e povos indígenas, processos de descolonização museológica e processos de indigenização dos museus. É professora de Português e Cultura Brasileira na University of British Columbia (UBC Vancouver, Canadá), e professora de Antropologia Cultural no Corpus Christi College (Vancouver BC, Canadá).
Resumo
O presente trabalho identifica e analisa as imagens ‘nacionalizadas’ sobre os indígenas dos atuais territórios brasileiros e argentinos, a partir de dois conjuntos iconográficos elaborados pelo artista-viajante alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) em ambos os países. Estabelecendo uma leitura comparativa, os capítulos estão organizados com o propósito de traçar um percurso entre as condições de aparecimento e realização de tais conjuntos, na primeira metade do século XIX, e as posteriores trajetórias e definições sociais destas obras até aos nossos dias. As imagens são abordadas enquanto portadoras de relações sociais, antes do que em sua condição de referentes empíricos; tornadas objetos-meios de pesquisa, através delas se constroem os contextos pelos quais evidenciar, nessas imagens, a participação de atores sociais, esquemas ideológicos e projetos políticos concretos, demonstrando-se as condições que tornaram possível visualizar a realização das imagens de ‘os índios do sertão brasileiro’ e ‘os índios do deserto argentino’. Sustentando-se, portanto, que elas albergam e reproduzem parte das dinâmicas sócio-políticas envolvidas na produção de uma determinada identidade indígena e do lugar do índio nos projetos de nação destes países, naturalizando tratamentos sobre a diferença social, argumenta-se então que seu valor documental reside, principalmente, em sua capacidade para nos aproximar a tais dinâmicas. Tomando distância das leituras estetizantes e documentais (científicas ou históricas) geralmente exercidas até ao momento sobre estas obras, estabelece-se então a necessidade de abordá-las em sua condição de produtos coloniais, desde o momento em que as dinâmicas que elas documentam se enquadraram em diferentes ordens de dominação cultural, que interpretaram o indígena como objeto de pensamento e de intervenção política.