Acervo

“Se você quiser enfrentar um leão, você precisa ter uma lança”: o movimento indígena na Tanzânia e os contornos da etnicidade

Dados da Obra

Orientando: Aline Chaves Rabelo

Ano de produção: 2021

Idioma Original: Português

Outros Links

Theses

Lattes

Orcid

Escavador

Catalogação da Obra

Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: Aline Chaves Rabelo. “Se você quiser enfrentar um leão, você precisa ter uma lança”: o movimento indígena na Tanzânia e os contornos da etnicidade. 2021. Tese (Doutorado em Antropologia Social), PPGAS/Museu Nacional – UFRJ, Rio de Janeiro, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: João Pacheco de Oliveira Filho.

Mini Currículo

Doutora em Antropologia Social pelo PPGAS - Museu Nacional/UFRJ e a École des Hautes Études en Sciences Sociales - EHESS (em co-accréditation com a École Normale Supérieure ? ENS) de Paris. Estuda coleções etnográficas africanas em museus nacionais, construções sociais da etnicidade, processos de formação de Estados-Nação e o movimento indígena (ativismo de pastoralistas e caçadores-coletores) em contextos africanos, ocupando a República Unida da Tanzânia a centralidade de suas investigações. Realiza pesquisa etnográfica na Tanzânia desde 2012, tendo também pesquisado no Kenya e em Moçambique. Foi contemplada com a bourse de recherche de terrain da Fondation Martine Aublet / Musée du quai Branly em 2015. É mestra em Antropologia Social também pelo PPGAS-MN/UFRJ (2015) através de uma pesquisa que analisou coleções etnográficas africanas sob uma perspectiva histórica e comparativa entre museus nacionais da Tanzânia, Kenya e Moçambique. Trabalhou na equipe de pesquisa da exposição Kumbukumbu: África, memória e patrimônio (Sala África) do Museu Nacional/UFRJ (2014), destruída pelo incêndio de 2018. Recentemente, Aline Rabelo concluiu uma consultoria para a UNESCO voltada para as novas exposições africana e afro-brasileira do Museu Nacional. Aline Rabelo é graduada no bacharelado em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense - UFF (2008) e possui vários anos de experiência na área de gestão, elaboração e implementação de projetos relacionados a políticas culturais.

Resumo

Esta tese aborda o movimento indígena na Tanzânia a partir da atual predominância de advogados, do grupo étnico maasai, como suas figuras de liderança. Através de um trabalho de campo de longa duração e de uma detalhada etnografia, esta pesquisa busca analisar como esses ativistas pensam seu ofício e se pensam uns em relação aos outros: as moralidades implícitas, a utilização circunstancial de categorias, a contestação (e também a reprodução) de modelos de hierarquização e poder. A questão conservacionista no país – mais precisamente, o modelo de preservação da natureza que não permite a habitação humana no interior de parques nacionais – se constitui como um dos principais motivos para a atuação desses atores, na medida em que ela conduz, sistematicamente, a expulsões de comunidades locais de suas terras e a outras formas de violações de direitos humanos. Parques nacionais e outras áreas protegidas servem ao turismo do tipo “safari”, uma das fontes de renda mais importantes para a economia nacional.Em um contexto onde o governo refuta a existência específica de indigenous peoples no país, alegando que todos os tanzanianos são indígenas, esses ativistas transitam nas sobreposições escalares para traduzir categorias e critérios internacionais e criar novos sentidos locais para a acepção “estrutural” da indigeneity. Além dos pastoralistas maasai e barabaig, os caçadores-coletores hadzabe e akiye figuram como comunidades que se autodeterminam enquanto indígenas na Tanzânia, devido aos seus modos de vida (dependentes da terra e dos recursos naturais), a sua situação de marginalização dentro da sociedade tanzaniana, e à discriminação que sofrem. Com base nas noções de ‘hegemonia’ e ‘extroversão’ mobilizadas pela literatura sobre os maasai, esta tese procura articular como a constituição étnica dessa sociedade e experiências coloniais e pós-coloniais se relacionam às dinâmicas de classificação e de desclassificação que circulam dentro do próprio movimento. Categorias e conceitos a elas atribuídos revelam tanto valorações morais quanto movimentos de inclusão e exclusão, característicos da etnicidade. Neste sentido, privilegia-se a relação entre ativistas maasai e hadzabe em uma análise que reflete sobre as assimetrias e hierarquias ordenadoras do ativismo institucionalizado de organizações “indígenas”.