Acervo
A presença indígena no Nordeste
Dados da Obra
Autor(es): Pacheco de Oliveira, João (org.)
Editora: Contra Capa
Ano de produção: 2011
Idioma Original: Português
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Catalogação da Obra
Titulo, Subtitulo e indicação de responsabilidade: Pacheco de Oliveira, João (org.). A presença indígena no Nordeste: processos de territorialização, modos de reconhecimento e regimes de memória. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2011.
Notas: 23 cm, 732 p.
ISBN: 978-85-7740-080-5
Assuntos e pontos de acesso secundario: 1. Antropologia. 2. História. 3. Índios. 4. Brasil - Nordeste. I. Título. II. João Pacheco de Oliveira.
Resumo
Tendo como base preconceitos e argumentos equivocados, continua a ser negado aos indígenas do Nordeste o pleno reconhecimento de seus direitos, sobretudo na demarcação de terras. Isso se constituiu num estímulo para que um conjunto de pesquisadores se debruçasse com energia e vontade sobre temas específicos de investigação, encontrando neles alicerces profundos para interpretações críticas e inovadoras.
O contexto mais direto a que este livro se reporta é o da organização da exposição Os primeiros brasileiros, inaugurada no Recife em 2006, e que já esteve em Fortaleza e no Rio de Janeiro, alcançando um público de mais de 150 mil visitantes. Tratava-se de uma iniciativa que articulou ampla rede de universidades, grupos de ação indigenista e uma organização indígena.
Durante as pesquisas realizadas pelos envolvidos nesse projeto, que se estenderam por um período de quase dois anos, consolidou-se o propósito de divulgar em forma de livro e para público mais específico parte do enorme material levantado, cujas evidências e interpretações constituíram os fundamentos sobre os quais a exposição se concebeu. O objetivo principal seria fornecer aos leitores amplo painel compreensivo da trajetória histórica dos indígenas do Nordeste, com contribuições livres, mas sempre baseadas em sólidas e extensas pesquisas conduzidas por investigadores de reconhecida competência acadêmica.
A motivação inicial comum a cada um dos textos aqui reunidos é bastante clara. No século XIX, houve um lento e complexo processo de formação de instituições e da própria identidade nacional, em que os indígenas que antecederam à colonização foram celebrados como modelos éticos e estéticos de uma idade do ouro inexoravelmente varrida pelo progresso. Como heróis do romantismo, os indígenas se tornaram personagens trágicos cujo destino seria o desaparecimento.
Durante o Segundo Reinado, sobretudo entre as décadas de 1850 e 1870, os governos provinciais do Nordeste atestaram que, em suas circunscrições administrativas, os indígenas estariam extintos e, portanto, as antigas terras coletivas poderiam ser destinadas a usos supostamente mais produtivos em mãos de novos donos. Tanto o discurso oficial quanto o dos mais destacados intelectuais convergiram neste ponto: no Nordeste, haveria, em vez de índios, apenas remanescentes, cujas manifestações culturais podiam ser estudadas como folclore. Índios só poderiam ser encontrados no Amazonas e nas regiões mais distantes do país, onde a colonização apenas se iniciava.
Serviram, assim, como inspiração para a elaboração dos textos desta coletânea três perguntas: quais processos de submissão foram concretamente usados contra os indígenas e que graus de eficácia tiveram em torná-los dependentes dos colonizadores e cada vez mais invisíveis no conjunto da população? Como se engendrou e se manteve a representação sobre a inexistência e a invisibilidade dos indígenas no Nordeste? Por quais caminhos os indígenas saíram da condição de invisibilidade e de caboclos se transformaram em índios?